Este grupo de investigação baseia-se em perspetivas antropológicas para desenvolver novas abordagens críticas a questões contemporâneas subjacentes à intersecção entre tecnociência, sociedade e ambiente. O grupo reúne investigadores de várias áreas disciplinares no domínio das ciências humanas e sociais, incluindo a antropologia, os estudos CTS, a história, a arquitetura, a sociologia, os estudos culturais e as humanidades ambientais. Estimulando a criação de sinergias entre diferentes orientações disciplinares, este grupo encoraja o desenvolvimento de projetos colaborativos e multidisciplinares que se debruçam sobre uma grande variedade de temas relacionados com a centralidade, cada vez maior, da ciência e da tecnologia nas sociedades contemporâneas no Antropoceno, época atual de crescentes disrupções ambientais e climáticas causadas por atividades humanas.
O termo “tecnociência” refere-se ao crescente entrelaçamento da ciência e da tecnologia na governança da vida quotidiana no mundo contemporâneo. Existem hoje poucos aspetos da vida quotidiana que não são afetados por desenvolvimentos tecnocientíficos em inteligência artificial, ciência da computação, medicina genética, engenharia ambiental, e planeamento urbano, entre outros. Estes desenvolvimentos são muitas vezes apresentados como soluções, mas frequentemente acabam por criar novos problemas e por gerar novas incertezas e ansiedades. Chegar a um entendimento mais aprofundado destas tensões implica desafiar ideias firmemente enraizadas sobre a autonomia e a neutralidade da ciência e da tecnologia, chamando a atenção para as dimensões sociais, políticas e éticas de desenvolvimentos científicos e tecnológicos. Este enfoque na interação entre tecnociência, de um lado, e sociedade e política, do outro, é fundamental para se desenvolver uma compreensão mais profunda do mundo contemporâneo, incluindo os desafios civilizacionais levantados pela atual conjuntura de crise climática e ambiental antropogénica.
Um dos principais objetivos do grupo é fomentar perspetivas críticas multidisciplinares capazes de gerar um melhor entendimento das estruturas de desigualdade que estão a moldar as experiências contemporâneas de degradação ambiental e rutura climática, e isso inclui um enfoque nos movimentos e lutas de resiliência, adaptação e justiça ambiental em diferentes partes do mundo. Um outro objetivo importante do grupo é o de promover o desenvolvimento de perspetivas multiespécie. O grupo é crítico de ideologias modernistas de desenvolvimento económico assentes em visões antropocêntricas de crescimento infinito, situando as fundações do mundo moderno num contexto mais amplo de ecologias compartilhadas e interdependências multiespécie. Paralelamente, o grupo tem uma forte componente transnacional que reúne investigadores e estudantes a trabalhar em diferentes partes do mundo, Norte e Sul, Ocidente e Oriente, chamando a atenção para a necessidade de questionar a centralidade de discursos académicos do Norte Global. Esta perspetiva transnacional coloca o grupo numa posição mais forte para questionar suposições dominantes e explorar novas conceções e novas formas de imaginar o futuro. O grupo quer contribuir para um melhor entendimento público das interseções contemporâneas entre tecnociência, sociedade, e ambiente, promovendo debates públicos e iniciativas comunitárias com parceiros e instituições fora da academia. Neste novo paradigma colaborativo de produção de conhecimento, há espaço para debates mais horizontais e inclusivos com as várias partes interessadas, incluindo cidadãos leigos e atores não humanos, e estas conversas abrem caminho para modelos mais participativos de reflexão pública e de elaboração de políticas públicas.
